Alone in the desert

Em um mundo onde o tempo é como um rio que flui sem cessar, às vezes, somos confrontados com a necessidade de pausa, de contemplação, de nos reconectar com nós mesmos e com o universo que nos cerca. E foi assim que minha jornada começou.
No início de 2021, ansiei pela aventura, pelo desconhecido, pela imensidão do Deserto do Atacama, no Chile. Mas, como todos nós, fui surpreendido pela pandemia, e minha tão esperada viagem foi adiada para maio de 2023. Dois anos de espera, de antecipação, de imaginar as cores do pôr do sol refletindo nas salinas, o silêncio profundo das noites estreladas, a sensação de paz que só o deserto pode oferecer.
Finalmente, chegou o tão aguardado momento. Em maio de 2023, embarquei nessa jornada solitária, com uma mistura de ansiedade e gratidão no coração. Sozinho, mas não solitário, pois sabia que o deserto iria me receber de braços abertos, com sua vastidão imponente e suas promessas de revelações.
A primeira vez que me deparei com as paisagens do Atacama, fui tomado por uma mistura avassaladora de emoções. As montanhas que se erguiam majestosas ao longe, os vulcões adormecidos que pontuavam o horizonte, os cânions escarpados esculpidos pelo tempo. Cada vista, cada panorâmica, era como uma obra de arte da natureza, uma sinfonia de cores e formas que tocava minha alma.
As lagoas escondidas, verdadeiros oásis no meio do deserto árido, refletiam o céu azul em seus espelhos d'água, criando um espetáculo de serenidade e beleza indescritível. Os geysers que rugiam e exalavam sua fumaça quente, como se a própria terra estivesse respirando. E à noite, o céu estrelado, um manto de luzes que pareciam tão próximas e tão distantes ao mesmo tempo, como se o infinito estivesse ao alcance das mãos.
No silêncio do deserto, encontrei a paz que tanto buscava. O tempo parecia desacelerar, os pensamentos se aquietavam, e eu me via imerso em um estado de contemplação e conexão profunda com o universo. Cada grão de areia, cada sopro de vento, parecia carregar uma mensagem, um ensinamento, uma verdade ancestral que só o deserto pode revelar.
E foi assim que descobri o quão espiritual pode ser uma viagem para o deserto. Não apenas uma jornada física, mas uma jornada de alma, de renovação, de redescoberta. Um convite para mergulhar nas profundezas do nosso ser, para nos reconectar com a essência da vida, para encontrar a paz que reside dentro de nós mesmos.
Que esta história possa despertar a curiosidade, a inspiração e a vontade de explorar os mistérios do deserto, e que cada um de nós possa encontrar, assim como eu encontrei, a beleza, a serenidade e a espiritualidade que só o deserto pode oferecer.
Minhas dicas para quem irá visitar o Atacama:
Escolha a época certa: Considere visitar o Atacama durante a temporada de seca, de maio a setembro, quando as condições climáticas são mais estáveis e há menos chances de chuva, facilitando a exploração do deserto.
Use roupas adequadas: Esteja preparado para as variações extremas de temperatura no deserto, levando em consideração que as noites podem ser muito frias, enquanto os dias são quentes. Vista-se em camadas (bom colocar uma segunda pele, ou então uma camiseta com proteção uv, e não se esqueça de trazer protetor solar, óculos de sol e chapéu.
Hidrate-se: Beba bastante água para se manter hidratado, especialmente devido à baixa umidade do ar no deserto. Leve sempre uma garrafa de água com você durante os passeios (pelo menos um litro, a um litro e meio de água sempre junto com você).
Respeite a altitude: O Atacama possui altitudes consideráveis, então esteja ciente dos possíveis efeitos da altitude, como cansaço, falta de ar e dores de cabeça. Dê-se tempo para aclimatar-se gradualmente e evite esforços físicos intensos no início da viagem.
Proteja-se do sol: Use protetor solar de alta proteção, especialmente devido à alta altitude e à exposição direta ao sol. Considere também usar roupas de manga longa (novamente recomendo usar camisa com proteção uv) e um chapéu de abas largas para proteger-se ainda mais.
Explore os pontos turísticos: Não deixe de visitar os principais pontos turísticos do Atacama, como os Geysers del Tatio, o Vale da Lua, as Lagunas Altiplânicas, Termas de Puritama. Cada um oferece paisagens únicas e imperdíveis.
Experimente a culinária local: Não deixe de provar a deliciosa culinária do Atacama, que inclui pratos tradicionais como o ceviche de corvina e a sopa de quinoa. Explore também os mercados locais para experimentar frutas frescas e sucos naturais.
Esteja preparado para o isolamento: Esteja ciente de que o Atacama é uma região remota e isolada, com pouca infraestrutura fora das cidades principais. Esteja preparado para a falta de sinal de celular e internet em algumas áreas, e leve consigo tudo o que precisa para a viagem.
FAÇA O TOUR ASTRONÔMICO: Fiz duas vezes o tour, e deixei em letras maiúsculas propositalmente, pois é um dos passeios mais lindos e espirituais da viagem. Escolha uma agência com boa reputação e que te leve para um lugar bem isolado no deserto, para que possa assim, ficar longe das luzes da civilização e ver as estrelas e constelações com nitidez. De preferência, escolha uma agência que usa telescópios potentes para observação.
Se quiser sair um pouco do circuito turístico, alugue uma bike, ou faça uma caminhada pelo Deserto e vá até Pukará de Quitor (antiga fortaleza pré-colombiana localizada nos arredores de San Pedro de Atacama, no Chile, que ergue-se majestosamente sobre um penhasco rochoso, construído pelos povos indígenas da cultura Atacameña entre os séculos XII e XV, serviu como uma fortaleza estratégica para proteger as comunidades locais dos invasores e dos conflitos entre tribos), ou até a Capilla de San Isidro (é uma pequena e encantadora capela colonial que se destaca pela sua simplicidade e beleza rústica. Construída no século XVIII, a capela é um dos poucos vestígios remanescentes da arquitetura religiosa da época colonial na região).
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